Pesquisadora homenageada por trabalho em leishmaniose tegumentar

O encontro contou com a participação de médicos, enfermeiros, nutricionistas, equipes de saúde bucal, agentes de saúde e de endemias, sanitaristas e técnicos do município.

Pesquisadora homenageada por trabalho em leishmaniose tegumentar

Texto e Imagem: ASCOM - Instituto Aggeu Magalhães

A vice-coordenadora do Serviço de Referência em Leishmanioses (SRL) da Fiocruz Pernambuco, Maria Edileuza Brito, foi homenageada durante evento de apresentação dos trabalhos desenvolvidos em Moreno (PE), onde seu grupo de pesquisa realizou, até o momento, 25 anos de estudos em torno da leishmaniose tegumentar (LT). A solenidade aconteceu na segunda-feira (28/04), no auditório da ADVEC de Moreno.

Um certificado de gratidão, outorgado pela Secretaria Municipal de Saúde de Moreno, foi entregue à pesquisadora e aos seus colaboradores: o coordenador dos laboratórios das Escolas Técnicas Integrais de Caruaru, Cláudio Júlio da Silva, e a dermatologista Ângela Rapela, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc). A comenda expressou o reconhecimento da Secretaria municipal e do Núcleo de Vigilância do Município pela relevante colaboração dos três profissionais nos trabalhos desenvolvidos e que envolviam um alto nível de persistência, dedicação e entrega a uma população extremamente carente.

O encontro contou com a participação de médicos, enfermeiros, nutricionistas, equipes de saúde bucal, agentes de saúde e de endemias, sanitaristas e técnicos do município. Todos puderam conhecer a linha do tempo desse esforço desenvolvido desde a implantação desse agravo no Núcleo de Vigilância e Saúde de Moreno, no ano 2000, até os dias de hoje.

Durante esse período foi desenvolvido o estudo epidemiológico da doença, por meio de inquérito populacional humano e pela aplicação do teste de Intradermorreação de Montenegro (IDRM) nas localidades de Engenho Jardim e Carnijó, com um total de 300 indivíduos, e no Engenho Pinto (600 pessoas), com prevalências de 22% e 30%, respectivamente. Além disso, foram realizados diagnósticos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais no SRL em 600 pacientes com lesões. O atendimento e o tratamento de todos foi feito no Hospital Oswaldo Cruz, pela médica Ângela Rapela, também com o apoio do Serviço de Referência da Fiocruz PE.

 

Os pesquisadores realizaram a identificação do vetor, o flebotomíneo (conhecido como mosquito palha) Lutzomyia whitmani, com mais de 98% da densidade populacional, e do protozoário causador da doença, Leishmania (Viannia) braziliensis, que foi encontrado em 94 isolados. “Trata-se da única espécie encontrada em Pernambuco, até o momento”, explica Edileuza.  Outra iniciativa realizada por seu grupo foi um inquérito em animais domésticos (canídeos, felinos, ovelhas e equinos), entre os quais se obteve um diagnóstico inédito: uma ovelha que se apresentou positiva para LT. 

 

Entre as cooperações internacionais que aconteceram ao longo do projeto, destaca-se a vinda do casal de pesquisadores franceses Alain e Helia Dessein para fazer o trabalho de campo no Engenho Jardim. Além da visita do entomologista Peter Volf, da República Tcheca, que veio conhecer o trabalho desenvolvido pela equipe.

 

Eco-epidemiologia da leishmaniose tegumentar em áreas de colonização antiga na região metropolitana do Recife, Pernambuco, Brasil foi o tema da tese de doutorado desenvolvida por Cláudio Júlio da Silva, sob a orientação da professora Cláudia Silva, da Universidade Fernando Pessoa, de Porto, Portugal, com a co-orientação de Edileuza. “A obtenção dos resultados sobre o ciclo de transmissão da LT na região endêmica contribuiu para um aprofundamento do conhecimento epidemiológico e do controle da doença”, ressalta a pesquisadora. Esse trabalho resultou na publicação de um livro, dois artigos, um relato de caso, sete resumos em congresso e na produção de um material didático que será em breve apresentado nas escolas dos engenhos de Moreno e em outros municípios endêmicos do estado.